2016 (2017)



"Guizo eletrônico de uma cobra eletrônica;
areia digital, arrastão psicológico, turbinas surdas. Mantras inenarráveis de uma linguagem nova e apocalíptica. Solavancos no meio da estrada que leva ao centro do universo e erros de caminho causado pelo Waze levando aos buracos negros no meio da nebulosa de Andrômeda, alfa e ômega. Chuva de arroz." (Guilherme Pilla)

Vendo (2015)



"Sons/são/o mundo." (Everton Luiz Cidade/Siléste)
"Minimalista e eerie." (Tiago Habkost Silva)
"É justamente isso que eu gostaria de ouvir quando saio de casa." (Carlos Zanettini)
"Bem budistas as composições, obrigado pela tua abertura a vida. Pureza total!" (Guilherme Pilla)


EP:



"Parece o Phillip Glass do pitch shifter." (Glerm Soares/Organismo)


EP:



"É perturbador. Mas eu curti." (Fräulein Müller)


Coletânea de lados-b:

Crocodilo

Improvisei por duas horas no Estúdio 12, do Marcelo Fruet, gravando. O resultado foi o disco Crocodilo. Acabo de receber um comentário, do amigo português Diogo Santos (Rádio Universitária de Coimbra e MPD - Música Pop Desempregada) que me deixou emocionado e me levou a fazer esta colagem: "Ó, Douglas, o Crocodilo é absolutamente delicioso! Larga o emprego e faz música 24 horas por dia!"

Obrigado, Diogo. Esse é o meu "salário" artístico.

***

O amigo e colega de ofício Cadu Tenório votou em 'Crocodilo', do input_output, como melhor disco de 2011. Obrigado e parabéns a ele, porque o disco 'Areia', de sua banda, Sobre a Máquina, ficou em primeiro lugar no ranking geral do Floga-se.



Disparate hibernante

(O título é de obra homônima da artista plástica Mayana Redin.)


THE PAST IS A PESTE: "Joga com a gravidade do antecedente que determina e machuca todo bípede implume, mas ao mesmo tempo se diverte com o blended de dois idiomas diferentes, exatamente como a língua do trauma, inconsciente, misturada, cifrada na língua do sintoma. O passado é sempre atual – e livrar-se dele significa dar lugar a um presente que vai defasar assim que o futuro nos devorar outra vez." (Isac Isdra, psicanalista)

CORAL: "Lindo, muito. É como estar numa catedral dançando em areia movediça." (Éverton Cidade)

AVE MARINHA: "A música que você me passou é uma palavra: incrível. Tá, eu queria dizer mais: espetacular, groove, correnteza, maremoto, o circo na praia, procissão de velas coloridas, peso, leveza, infinita." (Gabriel Pardal)



DIA DE HOJE: "Fiquei com isso na cabeça o dia inteiro. Bubblegum pop." (Carlos Zanettini)

DIA DE HOJE: "Eu fico impressionada com a quantidade de referências que eu ouço nas tuas músicas. É meio inclassificável! É muito interessante... remete a muitos tempos e a muitas coisas." (Raíssa Panatieri)

agora ao vivo também de um homem só


FOTO: TALITA CAMPOS




FOTO: TALITA CAMPOS

"Não vi, mas gostei. Alguém que toca Silence, do Portishead, merece inegável respeito. As músicas do one-man-band Douglas Dickel (cata no Trama Virtual, onde dá pra encontrar quase todo o material do rapaz, ou no blogspot – só jogar o nome do projeto no Pai Google) remetem a um trabalho de caráter experimental, com influências do rock radioheadiano e trip-hop num tanto ou outro. Vale a curiosidade de caçar nos links internéticos já citados." (Thiago Kittler)



1_sine wave (mogwai)
2_cascos negros
3_tristes dos que procuram dentro de si respostas porque lá só há espera
4_coral
5_música do céu vermelho
6_mutante
7_silence (portishead)
8_cada um


FOTO: ANGELA FRANCISCA

MAIS INFORMAÇÕES

homem que não vive da glória do passado


DOUGLAS DICKEL COM TÚNICA AMARELA | FOTOS: MARIANO CZARNOBAI

"Certamente bate, entra e fica dentro de quem ouve. Fico realmente muitíssimo feliz de ver músicos e compositores [do 'Homem' e de 'Teresa e o aquário' - Roger Canal] envolvidos com o teatro e principalmente, conectados a ele." (Cíntia Ferrer)

"O artista pesquisa e mostra resultados concretos, sons dignos de David Lynch criados por Douglas Dickel ao vivo e a câmera de Pedro Karam não perde só uma expressão do ator." (Luiz Gonzaga Lopes)

"Apesar de ser um monólogo em palco, a peça não se faria sem a participação de uma grande equipe, responsável pelos efeitos especiais sofisticados, com destaque para a área musical executada ao vivo." (Gaby Benedyct)

"Douglas Dickel conduz uma sonoplastia carregada de significados que faz desse momento inicial a única parte interessante de toda a peça (que dura mais de duas horas!). (...) Imagens belíssimas são dispostas. Um trabalho de luz e uma trilha sonora dignas de elogios efusivos." (Rodrigo Monteiro)

disco de estreia & eps





"Olha, está todo mundo perturbado." (Drégus - ou Giane)

"Piração total! Me lembra Laurie Anderson." (Marcia Miotti)

"E eis que teve a Festa Noisy de lançamento do CD do Douglas Dickel (que por sinal está muito bom, logo compre!). Uma coisa que eu não vou esquecer: cá estava eu conversando com o pessoal quando passa uma japa muito bonita. Atrás dela, outra japa. E mais outra. Outra. Outra. Mais outra. Uma procissão de japas passando. Parecia até um flashmob patrocinado por alguma colônia japonesa já que não parava de passar japinhas. Depois fiquei sabendo que não eram japonesas, mas sim chinesas que estavam passeando em Porto Alegre. E como dançavam aquelas gurias: foram as que mais pularam! Quando eu toquei o Elvis então o mundo veio abaixo. E o engraçado é que assim como chegaram foram embora, num instantinho. No mínimo bizarro." (Charles Pilger)

"Trilha sonora de um filme. De um, não, do filme que se passa na cabeça de Douglas. O disco é Douglas. Douglas é o disco. Às vezes criptografado, às vezes brilhante, às vezes internal joke, às vezes tudo a ver, às vezes sem sentido algum. Às vezes só fazendo sentido pra ele mesmo, às vezes só fazendo sentido pra mim mesmo. Tudo. E nada. O nada. Às vezes proposta demais, às vezes experimentalista demais. Como é bom ser vanguarda, se é que isto ainda existe. Mas óbvio nunca. input_output é um nome mais do que apropriado e quase conta o final. Mas fique tranquilo, o mocinho não morre. Nem vive. Contradições, ambiguidade, continuismo. Nem que a eloquência fosse um dos meus méritos eu teria como descrever o que senti ao escutar. Travei em algumas das faixas, foi repeat instantâneo. Começos brilhantes, finais supreendentes ou esperados. O interessante é que ao mostrar para outras pessoas, as faixas não fizeram sentido para elas. É, Seu Douglas, um disco escutado por mil pessoas é de fato mil discos. Também concordo que arte não se explica e que arte bate ou não. E que isto não a faz nem mais, nem menos arte. Ato difícil este o de se entregar à escuta. Me senti incomodado por diversas vezes, como me sinto incomodado diversas vezes com a vida em si, com o mundo em geral, com as pessoas e com o que sinto que elas geram em mim, desde a surpresa até a indignação. Quem dera na vida em geral desse para pular a faixa quando a gente se incomoda. Mas não pule. Eu não pulei. Deixei a incomodação tomar conta. There's a joy in letting go, dizia seu Lou Barlow numa musica antiga do Sebadoh. Tudo a ver. Divirta-se. Eu me." (Luis Pedro Ferreira)

"Que ano é mais ou menos isto aqui? 2050? É futuro..." (Vinícius Olyczevski)

"Dickel, eu adorei o teu disco quando ouvi no Freak Show, mas tem um problema: tu tem informação demais e tu coloca ela no teu som." (Cidade/Viana Moog)



"O input_output é algo planetário. Às vezes me sentia morando no planeta Saturno. Às vezes dentro de uma caverna pré-histórica. Teu som me levou pro corte da tesoura. Estou congelado. Obrigado." (Gabriel Pardal/Paralelepipedos)



"Eu ainda não estou preparado." (Vinicius Schaurich)



"Que disco tremendo, parabéns!" (Diogo Santos/Rádio Universidade de Coimbra)



"Breves impressões soltas. Achei 'eu contenho todos os meus anos dentro de mim' MUI desafiador! No sentido de hostil, de perturbador. Ao mesmo tempo cativante, e magnético. O início do disco é extremamente perturbador. A vinheta-título é tão hipnótica quanto a primeira seção de 'Caminho'. Esta é dura e industrial, tem um contraste assustador com a caixinha de música ninando no fim. As altíssimas frequências de 'Aço, asfalto, plástico' me doem nos ouvidos como somente Ryoji Ikeda havia ousado. É interessante notar como ouvido e cérebro procuram focar na voz para um alívio, uma saída possível. (Certa vez eu estava trabalhando altas da madrugada, compenetrado e shuffle, quando achei que iria MORRER - milissegundos antes de entender que era só 'Medo' que tinha caído no random. E, puta que pariu, tomei 'o' cagaço.) Depois disso o disco toma outra forma. 'Indústria brasileira de lavadoras automáticas' é sublime - Pelican pensando em final de filme do Wim Wenders. 'Joseph Campbell' é a minha preferida e parece ser um somatório domado do que houve até então. São alguns pensamentos." (Tiago Casagrande/All Your Gardening Needs)



"Adorei suas letras." (Lulina)




"input_output é o trabalho 'solo / individual / de-um-homem-só' de Douglas Dickel. Membro da guitar band Pelicano e da Blanched, de pós-rock, o gaúcho criou o projeto para exercitar seu lado mais autoral. Seu primeiro CD, Eu contenho todos os meus anos dentro de mim, foi lançado no final do ano passado pelo selo Open Field, ligado à distribuidora Peligro. Misturando elementos acústicos e eletrônicos, e buscando promover um árido diálogo entre o experimentalismo e a canção, o disco pode parecer 'difícil' para ouvidos leigos. Dickel afirma que de fato busca certo 'estranhamento'. Mas isso não quer dizer que seu som seja impenetrável." (Dagoberto Donato/Trama)



"O registro de estreia do input_output é experimental, mas não é cansativo ou demasiado absorvente e denso: há momentos de plena ortodoxia e de 'bem-estar', correspondentes a abordagens mais mainstream. Visto dessa perspectiva, poucos discos conseguem equilibrar tão bem facetas quase inconciliáveis num objeto artístico minimamente homogêneo. 'Eu contenho todos os meus anos dentro de mim' é um convite a uma primeira abordagem a facetas mais ousadas da música moderna. 'Ouça nos fones', aconselha-se na nota de capa. A experiência é recomendável." (João Pedro Barros/Bodyspace.net)



"Ainda estou ouvindo. Difícil num primeiro momento, pois nunca tinha ouvido nada parecido. Sempre que ouço algo, procuro traduzir o som através de imagens na minha cabeça, isso é automático para mim. E essa transposiço ainda está indefinida pra mim. Preciso ouvir mais..." (Daniel Chiapinotto/Andina)



"Eu queria mais coisas nesses estilos do input_output, do Lavajato, do Objeto Amarelo. Eu acho muito foda. Cara, tem umas coisas fodidas no som do input_output, me remeteu a Einsturzende Neubauten. Chique demais." (Antonio Sevilha)



"Douglas Dickel é guitarrista da banda de post-rock Blanched, mas trabalha nas horas vagas em seu projeto solo input_output. Ainda que dedilhados de guitarra remetam à sua outra banda, Douglas mexe com colagens sonoras, narrações e muito ruído. Samples de vozes e texturas preenchem esparsamente as camadas, partindo de minimalismo distorcido até noise quase industrial. Sombrio e incômodo, como um filme de David Lynch." (Guilherme Barrella/Peligro)



"Finalmente consegui ouvir algumas coisas do input_output, projeto do Douglas Dickel. Está muito bom, muito bom. Está soturno e perigoso." (Leonardo Fleck/Blanched)



"Eu gosto muito das polissonografias. E 'Albatroz' me emociona." (Aneane)



"O Douglas é um artista que se encaixa perfeitamente no termo mediamaker, cuja definição vi estes dias: 'someone who blends the skills of a writer, photographer, musician, filmmaker, designer and developer to produce mediaware (a blend of media content and software code that is digital, interactive and online) for information, communication and entertainment applications'. Este último trabalho dele me agradou. Ele produziu um CD sozinho em casa no computador. O resultado são colagens, samples e texturas que vem acompanhadas de narrações em um tom de voz instigante. Algumas letras são verdadeiros poemas pílulas, que usam da ingenuidade e simplicidade para tocarem em assuntos profundos, 'plásticos' e modernos. Eles com certeza seguem a linha minimalista que Douglas desenvolveu em seu primeiro livro de poemas e vem buscando em suas fotos. O minimalismo no CD não está só nas letras como no próprio som, de forma distorcida. Em algumas faixas, as colagens são extremamente poluídas. Poluídas porém de uma forma harmônica como o caos organizado das luzes vermelhas e brancas de carros em movimento nas grandes cidades. Se por um lado os estímulos sonoros perturbam, por outro eles dão vontade de dançar." (Carol Teresa Mazetto)



"O input_output é muito mais um desafio de superar barreiras na música do que um projeto consistente musical. É mais uma prova de que o que se pode fazer sonoramente pode ser sempre surpreendente." (Caco Rocha)



"Música perturbadora, noise experimental com camadas de ruídos sobre vozes repetitivas e letras claustrofóbicas, minimalismo revelando também um aspecto pop. Da mesma turma de Wolf Eyes, re: e Fennesz, lembra também a IDM do povo da Warp Records e, por vezes, Arab Strap e Sparklehorse. Entre climas pesados e canções para ninar bebês, Dickel parece querer nos dizer, através de sua música, que nada está bem - ou que nada está como deveria ser. As texturas ruidosas constantes, seja em volume baixo, seja em primeiro plano, perpassam todo o disco." (João Perassolo)



"Ouvi o input_output e gostei das texturas, das alternâncias. Muito bem captado/gerado. Fora o visual, que também curti." (Carlos D/Lavajato)



"Hoje parei para escutar as músicas do input_output. Eu nço estava esperando muito; não sabia do que se tratava as músicas... Puf, foi um baque! Gostei pra caramba da mesma maneira que alucinei quando ouvi Blanched pela primeira vez.
Demais! Você é totalmente múltiplo genial, cara, em tudo o que eu vi, li e ouvi até agora. Eu estava lendo num site como você fez as músicas e achei demais o processo." (Adriano Arrigo)



"Eu acho muito boa a forma como você estrutura suas 'cançães' e os timbres que você usa. Tem bastante ruído e eu acho que você sabe jogar bem com os sons na hora certa." (MMeNDES aka Marcelo Mendes)



"input_output está na minha lista de favoritos na trama virtual. No Prêmio London Burning de Música Independente, meu voto na categoria '1.2.2 melhor disco de eletrônica' foi para 'eu contenho todos os meus anos dentro de mim - input_output'. E como sou fã de IDM, fã de sons para o cérebro dançar, também sou fã do projeto-de-um-homem-só de Douglas Dickel e seu maravilhoso input_output." (Flanicx)



"input_output é bem foda." (Cadu Tenório/Ceticências)



"Essa 'Bomba de câmera de pneu' ficou parecendo kraftwerk, muito bom." (Cristiano Rosa/Pan&tone)



"Como você poderá ouvir, sinais de rádio do espaço são geralmente parecidos com chiados ou zunidos." (SETI@home BR)



videoclipe de caminho



"O piso reflete o céu... O limpador de parabrisa não quebra o ritmo nem na passagem de cena. Detalhes cuidadosos de Mr. Dickel em looping. Sim. Muito bom! (...) Uau!!! Sem edição?! O Sr. Acaso está de parabéns!" (Tati Moh)

LETRAS

[eu contenho todos os meus anos dentro de mim] marcha soldado, cabeça de papel! quem não marchar direito vai preso pro quartel! o quartel prendeu (sic) fogo, o francisco deu o sinal: acuda, acuda, acuda a bandeira nacional! {folclore} -iris, tocou uma música que parou. -música? -música de violão. {iris e selvina, na secretária eletrônica} [caminho] o piso reflete o céu. [joelho] os traumas me deixam cheio de dedos. eu queria ter apenas um. [escombros] vamos juntar os nossos escombros e formar a cidade mais bonita do mundo. [aço, asfalto, plástico] a minha alma respira com dificuldade porque o asfalto lhe cobre quase que totalmente a pele. sobre ele andam tantas máquinas de aço quantos são os seres da espécie humana que recebem bastantes folhas na troca por uma escravidão disfarçada durante dez horas e meia de um dia de vida. minha respiração é defeituosa devido à combustão de líquidos de que essas máquinas precisam para se locomover mais rápido. há pressa. e elas são muito muito pesadas e rápidas. e matam. meus olhos enxergam embaçado por causa das cores e letras em toda parte. cores e letras cores e letras cores e letras. meu ouvido não presta mais, porque não param de invadi-lo os zumbidos dos motores de máquinas climáticas, máquinas de dados, máquinas de luz, máquinas de onde saem diálogos de novelas e notícias sérias & máquinas de onde saem coisas similares a músicas, produzidas por seres humanos para trocar por bastantes folhas daquelas. são máquinas dentro de máquinas, e nem se eu começasse a escavar agora, nos meus vinte e seis anos, eu conseguiria romper todo o aço e todo o plástico até a hora do meu fim para poder encostar no planeta. isso se o meu fim existir. se os fins tiverem permissão para existir. [cada vez mais] mais se pensa, mais se sabe. mais se sabe, mais se sofre. mais se sofre, mais se cresce. mais se cresce, mais se faz. mais se faz, mais se sobe. mais se sobe, mais se cai. mais se cai, mais se sofre. mais se sofre, mais se sente. mais se sente, mais se sofre. [medo] não consigo mais dormir, atormentado pela memória coletiva dos que foram surpreendidos com a morte durante o sono. [indústria brasileira de lavadoras automáticas] -hey! are you a dreamer? {waking life} indústria brasileira de lavadoras automáticas. [albatroz] -it was one of those days when it's a minute away from snowing and there's this electricity in the air, you can almost hear it. and this bag was, like, dancing with me. like a little kid begging me to play with it. for fifteen minutes. and that's the day I knew there was this entire life behind things, and... this incredibly benevolent force, that wanted me to know there was no reason to be afraid, ever. {beleza americana} dorme voando. voa dormindo. mantém-se imóvel viajando no céu. pode ser abatido facilmente, por predadores maus. mas é o instinto. a natureza sabe o que faz, não? enquanto vive, sonha com o mar que vai passando abaixo dos pés. a luz do sol faz reflexo na água, que parece fresca e parece morna. ela é molhada, como a chuva, que pode fugir de nuvens cinzas carregadas de uma eletricidade que pode abatê-lo. enquanto vive, sonha com nuvens branquinhas que cantam e também sonham como ele. [insect-project] fly: may be a insect, may be a project. [joseph campbell] sabemos que jesus não poderia ter ascendido ao paraíso pois não existe nenhum paraíso físico em qualquer parte do universo. mas se você ler ‘jesus ascendeu ao paraíso’ em termos de sua conotação metafórica, entenderá que ele foi para dentro; não pro paraíso exterior, mas pro paraíso interior, pro lugar de onde provêm todas as coisas, pra consciência de que cada um é a fonte de todas as coisas. jung escreveu que o mito dos ovnis tem a ver com as expectativas visionárias da humanidade. as pessoas esperam visitantes do espaço exterior porque acreditam que nossa libertação virá de lá. mas o reino do pai não virá com a espera. nós o produzimos em nós mesmos. o reino é aqui. e a eternidade não é um tempo vindouro. não é sequer um tempo de longa duração. eternidade não tem nada a ver com o tempo. eternidade é aquela dimensão do aqui e agora em que o tempo não existe. se você não atingir a eternidade aqui, não vai atingi-la em parte alguma. e uma última questão: será que deus existiria se não existisse ninguém? não. existem tantos deuses quantas pessoas existem pensando em deus. quando a senhora oliveira e o papa pensam em deus, não é o mesmo deus. cada um escolhe a sua maneira de olhar para o universo. [banho quente] a água quente do chuveiro cai na minha cabeça. escorre pelo meu corpo. molha meus pés. fecho os olhos e vejo os anjos evaporarem do chão. new angel flies. ouço as guitarras. penso no calor da infância. no frio da adultez. penso no calor úmido da carne. no bife à milanesa. na água da banheira. na água da lagoa. na água do mar. minha mente e a água quente do banho quente são uma pessoa só. me seco e penso no vento que me embala. penso no sonho do sono. penso do show. vejo a beleza. vejo o sexo. sinto frio. sinto fome. penso que a toalha é uma capa. sou o super-nu. fecho os olhos e suspiro. [qualquer lugar/somewhere] -por favor, pode me informar para que lado devo ir? -isso depende de onde você quer chegar. -a qualquer lugar. -neste caso vá por qualquer lado. -que tipo de gente mora por aqui? não quero visitar gente maluca. -aqui somos todos malucos. {alice no país das maravilhas} -so where do you want out? -ah, who me? am i first? um, i don't know. really anywhere is fine. well, just give me an address or something, okay? -i'll tell you what, go up three more streets, take a right, go two more blocks, drop this guy off on the next corner. -where's that? -i dunno either, but it's somewhere. and it's going to determine the course of the rest of your life. {waking life}